sexta-feira, 31 de agosto de 2007

da saudade..

Recordo-me o dia. Fois-te para longe. Levaste meu coração. E da boca o riso. Arrancou-me de ti. Da tua presença. Do almoço. Teu cheiro pela casa. De saber-te deitada no quarto. Da tua chatice sinto falta. O espaço agigantou-se. Desgarraste de mim. Ainda dói-me. Tu não podes avaliar. São quase cinco anos. As lágrimas me venceram. Secaram o sal no meu rosto. Envelheci. A vida mudou. Tu mudaste. Eu mudei. E junto a nós os demais. Queria poder-te ver todo dia. Esticar o braço. Tocar-te. Beijar-te. Elogiar tuas conquistas. Dar-te meu ombro.. e as primeiras novidades. Mas partiste. E ainda está aqui..

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

mulheres, calma..

Não se preocupem:
existe muito fotoshop no planeta!!!!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

contrariando o Nirvana...

Duas jabuticabas espertas me desarmam
com um sorriso de orelha a orelha.
Eu me derreto beijando suas bochechas.
Frenética ela não pára quieta.
Beija-me e foge!
E me deixa no vácuo.
E quero outro beijo e mais outro.
E ela só quer brincar.
Impacientemente corre ansiosa.
Antes que o dia acabe.
Tem pressa para a vida.
E cai.. e esgoela.. mas não se entrega.
E pula e pula e pula!
Adorável dança passos malabaris e velozes.
Volta e meia me sufoca num abraço.
E diz que me ama.
E um jardim explode em flores coloridas.
Ganho o dia.
E meus ouvidos sorriem.
Um quê de Julia Roberts,
Um quê de Penelope Cruz:
No quê de Victória.
Sagaz. Curiosa. Expansiva.
Observadora. Questionadora.
O olhar não a nega.
Também não a nega o riso.
Ela rir com os olhos.
E é precioso!
Das belezas infantis mais belas...
e fofa.. e gostosa.. e linda.. e linda..
e linda.. e linda..
e linda..

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Roberto Carlos, o divo

Alegria é coisa muito séria e a mais bonita forma de viver a vida. Ontem foi um dia alegre: show do rei em Teresina! Nada melhor que um bom show para tirar a regularidade do dia-a-dia. Fomos numa turma de peso: eu, Cel, Mibibi, Nath, Eva, Ari, Zezim, Palloma, Tia Helena, Lurdinha, Edilberto, Roberta, Gracinha, Hildegrand, Edinelza e mais tantos outros conhecidos e incógnitos degustar suas belas canções. A voz continua firme, inconfundível e ardente. Ele canta e embrulha, canta de novo e agasalha. Não tem para ninguém! O clímax do show se deu (para mim) quando Roberto se preparou para "montar" a sua linda Cavalgada. A roupagem luminosa e para lá de abundante foi orquestrada por seu time estelar de quinta grandeza. Robustez, explosão e sentimento definem a música em uma sensacional viagem de tirar o fôlego! A harmonia e o vigor pareciam invadir as pessoas vazando pelos poros energia capaz de produzir êxtase. Eu mesma fiquei excitada com os batimentos cardíacos acelerados literalmente viajando na música. Mas o mais curioso e interessante foi quando (nesse ínterim) o espetáculo da orquestra crescia envolvendo as testemunhas, o rei ali como uma figura simples e normal, numa penumbra lúbrica bebeu um gole de água calmamente alternando com um trago de uísque, em seguida limpou sutilmente os lábios pousando o lenço na mesinha; este o maior cenário da noite. Encheu o ambiente. De entalar a garganta. Foi comovente.. Pois se pensam que daí foi o fim? Que nada! Foi só o começo da noite, o canapé de uma festa que prometia demais. O “jantar” 5* ainda estaria por vir: entrar no camarim, vê-lo, beijá-lo, um papinho rápido e fotos, muitas fotos. A ceia ficou por conta de respirarmos o mesmo ar numa minúscula caixa fria e clara; ele, quase sobrenatural, de pé, sorriso rasgado e o abraço franco e caloroso. "Hoje as minhas terças são doces recordações.. o que foi felicidade.. me mata agora de saudade.. bela noite.. belo dia.."

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Teorema

É. Apodero-me deste domínio. Sempre um ataque de estrelismo aqui outro ali, afinal existe uma ariana roxa cá dentro, mas sensacionalista nunca! Não escandalizarei este espaço. Não sou tola e não rasgo dinheiro. Da parte íntima que me cabe, nem às paredes me confesso! Sendo que qualquer escrita ou poema por mais lastimoso ou enfeitado ou tórrido ou espalhafatoso poderá ser pessoal, ou não. Da mesma forma que será mera coincidência se parecer-se com o leitor. A inspiração nasce da percepção, caminho pela vida observando, mas pode brotar de um momento mais relax. Por vários anos o único cinema que tive foi da janela do ônibus que me levava do bairro Primavera e contornava a cidade; o que me fazia viajar. A subjetividade é de quem lê. Cada um é cada um. Imaginação é vôo. As pessoas são sensíveis em menor ou maior grau e o olhar crítico é individual e intransferível. E se estou na rede é para ser lida e criticada, esta é a idéia. A este respeito tão grande seja a palavra franqueada, eis o código em passe livre para meu desafogo surdo; lêem-me e não me ouvem: é sedutor e eu gosto disso. O que não isenta de que no futuro possa me arrepender de ter postado alguma asneira. Faz parte.

domingo, 26 de agosto de 2007

Trade-off: Workaholic X Família

Gastou trinta anos da vida em troca de: objetivos, realização profissional, reconhecimento, resultados, sucesso, poder, tranqueiras. Hoje se deu conta que perdeu muito tempo com lixo, pior impossível!

sábado, 25 de agosto de 2007

da alma e do coração..

Interpelo o vento. Rasgo-o com minha pele. Apressada tropeço nos transeuntes. Corro ligeiro. Elas querem saltar mais eu cerro os punhos cuidadosamente. Vigilante as acaricio. Uma em cada mão. Não as deixo escapar. Estão seguras. Guardadas. Protegidas. Levo-as ao meu amor. Eufórica, entrego as palavras: Amo-te papai

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

da argumentação..

Por estes dias deixaram a seguinte mensagem neste blog: “não me desperta nenhuma piedade, parece que quando a vejo sofrendo acredito em sua forma de exibição”. Depois de ler esta frase fiquei um tempo meditabunda. Conversei.. matutei.. terapiei com meus botões até chegar a seguinte conclusão: As pessoas de alguma forma são, foram ou serão exibicionistas. E se há exibição é porque há voyeur: matei a charada!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

do amor as amapolas...

O vermelho e o verde dando este espetáculo colorido para lá de lindo! Ao fundo do campo de amapolas a Igreja surge cheia de charme..

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Castelo de Santo Angelo, Itália

.. saiu do Vaticano se perdendo pelas ruas.. percorreu mais ou menos vinte minutos sem um lugar certo a procurar, apenas movia-se explorando cada esquina, tudo naquelas paragens tinha um enredo especial. Avistou uma linda fortaleza redonda e atraído com a atmosfera do lugar se aproximou. Observou encantado como teria sido aquele mausoléu, depois virou-se.. e de costas ao castelo assentou na mureta da orla com as pernas viradas para o rio Tibre. Apreciou detalhadamente, tudo em sua volta era mágico! Como um raio uma imagem trouxe os reflexos do entardecer. Fixou o olhar embaixo acompanhando o curso do rio maravilhado com o dourado trêmulo das águas, e pensou: "Todos os caminhos levam a Roma".. Viu-se passeando pela margem do rio com várias pessoas queridas, mas que não conseguia identificá-las. Apenas sentia conhecê-las. Deram-se as mãos e iniciaram um canto gregoriano. Em seguida em fila indiana tiraram os calçados e caminharam por sobre as águas, estavam leves e contentes com tais poderes. A suavidade da água era ao mesmo tempo firme e terapêutica. Sentiam seus pés massageados. Dançaram, cantaram e louvaram ao Senhor por horas a fio. Depois intuíram o mantra da Harmonia. Permaneceram naquele ritual um bom tempo após o crespúsculo. Leves saltavam flutuantes trocando de lugar uns com os outros.. e ali juraram os atos.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

das intenções...

Carrego uma vieira no coração e na mente.

Quem sabe um dia
meus pés peregrinos
ainda acariciaram o Caminho de Santiago!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

" To be or not to be.."

.. e segurou forte na crina das horas agarrada aos cabelos do vento, e veemente bateu os pés falando um quase solfejo: “tñw tñw tñw tñw tñw tñw tñw aeeeêh booôoora.. se avexe não criança desarvoraaada! Te comandarei e te direi: vai para o futuro! Agora para o passado! Adiante à 2100! Arriba à 2030! Atrás à 1370 ! Volta à 1837.. atrás, muito atrás, bem atrás, lá fuuundo.. aêeeh.. aiií Psssiiiu!” E galopou.. galopou nas cortinas do tempo.. e afundou num caleidoscópio de passados e futuros, e seguiu à futuros longínquos, e viu a invenção da vacina contra grandes males.. e sentiu sede pois a escassez de água começava a tomar forma em 2030. Mas também viu as pessoas mais preocupadas, e mais tolerantes, e mais fraternas e mais humanizadas. Apetecia-lhe visitar mais e mais tantas outras épocas, tinha um charme especial, eram sensações legítimas. Adentrava várias vidas.. uma dentro da outra. Descortinava o passado, voava para onde queria.. para frente e para traz. Velozmente.. Mais veloz que dizer a palavra veloz. Teletransportava-se ao passado e ao futuro. Um dentro do outro. Viu Tiago pregar na Galícia depois da morte de Cristo. Viu o arrependimento de Pedro ao negar Jesus. E Maria Madalena pentear seus lindos cabelos anelados. Viu Judas ser comprado. Viu Jacó e Abraão. Os três reis magos. Galileu Galilei representar o renascimento ciênfitico. Viu mil sóis de mil galáxias. Viu a Lua acompanhando todos os tempos pregressos e os que hão de ainda vir. Viu Dante ser exilado de Florença. Viu o nascimento de D. Pedro I em Lisboa. Viu Balzac visitar na Polônia sua amada Eveline Hanska, a futura esposa. Picasso produzindo Guernica. Também Shakespeare declamando Romeu e Julieta. Beetovhen compondo a 5° sinfonia. Viu Maria segurar Jesus morto em seus braços se tranformar na obra mais famosa de Michelangelo.. e Leonardo da Vince pintar a Monalisa e A última ceia. Viu Oscar Wilde ser preso.. Mas não viu, só não viu Cristo; Não teve competência para vê-lo, não havia necessidade. Nem precisava. Todavia viu a felicidade vazar pelos poros.. e jorrar o Verbo; Ele no sopro do vento se Fez presente todo o traslado.. por todos os lugares.. em todos os aspectos.. em todas as faces.. de todas as formas.. Ele.. esteve ao seu lado em todos os tempos.. em todas as eras..

domingo, 19 de agosto de 2007

menáge à trois..

Às 03h23min da madrugada fui arrancada brutalmente do descanso para um ménage à trois com a insônia e a preocupação, que desclassificadas e sem “catiguria” apossaram os espaços da minha alcova e soberanas arrogantes dominaram o lugar..

sábado, 18 de agosto de 2007

das paisagens paradisíacas..

Diz-se ser a ponta do mundo. Fisterra pertence à província de La Coruña-Es, e se localiza no extremo mais ocidental da costa da Galícia, o lugar cuja terra acaba para começar o mar. Destino emblématico dos "caminhantes" em uma das rotas de Santiago. Talvez o fim seja o recomeço, uma linha que finda outra que principia.. atmosfera ímpar num simbolismo mágico..

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

das palavras-não-gastas...

Escorrega. Esboça. Dar a forma. Passeia. Por dentro delas. Saindo delas. Espreme-as. Todo o mel. Tira o sumo. Decanta a acidez. Filtra. Pondera. Liberta-as. Tateia com dedos leves. Conversa com elas. Refugia as boas das más. Dá-nos só quando preciso. De preferência quando prontas. Delicadas. Reconfortantes. Melífluas. Ternas. Generosas. Cuidadoras. Incentivadoras. Apropriadas. Interpela o vento. Diga que as leve com um beijo. Andarilhas, elas comandam a brisa. Viajam de mãos dadas.. e dão cambalhotas. Querem ser doadas. Então sorve cada letra. Como a um sorvete poético. Pinta-as com a língua nos dedos.. e na boca. Alimenta-se também. E as presenteia aos amigos. Um brinde!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ilha de Capri, Itália

... nunca morrer sem antes conhecer Capri.

... nunca!

Uma coisa que me reduz a vassalo é viajar! Sou vassala da viagem, ela me governa, me esmaga e me faz dócil com todo seu potêncial avassalador que palavras não cabem expressar o quão viajar me torna submissa.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

das memórias..

Recordo-me tanto Não por que era abril Não por que era março Não por que era feriado Não por que era sábado Não por que era outono Mas também por ser abril ou março ou sábado Também por que outono foi três vezes Recordo-me por que restou a lembrança E o vazio. E o silêncio perturbador dos dias Recordo-me das sombras das tuas mãos Eram tão gélidas quanto negras Na silhueta das tuas mãos se fazia nosso fim Doía mais que uma adaga perfurando as costas Num eterno retorno de prantos chorados De lágrimas morrendo no chão Recordo-me da dor na boca do estômago vomitando na garganta Congelando-me Recordo-me do casal enamorado que pousavam seus olhos no luar
Éramos nós..

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Vive España!!!! Olé!!!!!!

Segunda potência mundial quando o assunto é turismo, bilhões de euros arrecadados anualmente(atrás somente da França), terceiro melhor vinho do mundo e a oitava economia do planeta; Pode-se dizer precisamente: A Espanha está rica!! Santander.Telefonica. Repsol. Almodóvar. Estas são algumas marcas fortíssimas espanholas que fazem parte da economia deste país legendário e belo, uma espécie de “primo rico” dentre a comunidade latina mundial, têm ótimas estradas, largas avenidas, metrô moderno e eficiente, cidades limpas, shoppings de tirar o fôlego, baladas madrugada adentro, obras de arte (Museu Del Prado, a maior galeria de arte do mundo), universidades de renome internacional, o futebol mais rico do mundo, cinema brilhante, igrejas medievais, catedrais suntuosas, enormes praças, boa comida, paella, tapas, cidra, porras, churros e jamón. Tem a siesta, o descanso depois do almoço. Também o eletrizante e caliente flamenco.
Tem o inventor do submarino, Marcis Monturiol. Têm Picasso, Salvador Dalí, Velásquez, El Greco, Miró, Goya e um legado de outros artistas. Tem Gaudí o expoente da arquitetura. Tem a literatura de Cervantes com seu Don Quijote de La Mancha. Tem Federico Garcia Lorca, poeta andaluz conhecido universalmente. Sem esquecer que tem também a azeitona mais saborosa do mundo. Tem o gazpacho e o chorizo. Têm seus teatros, suas festas populares. Suas cidades seculares são um misto de várias culturas. Tem Santiago de Compostela, onde está os restos mortais de São tiago, discípulo de Cristo.
Tem a Madri aristocrática boêmia e elegante, a delirante Barcelona (a mais rica cidade espanhola), uma mistura do antigo e do moderno (obs:estas duas são rivais). Nosso tão amado Caê, em paragem por lá, escreveu um trecho na música Vaca Profana: “De perto ninguém é normal" (…) "No mais, as ramblas do planeta orchata de chufa, simus plau". A primeira é uma bebida com sabor doce e leitosa, e si us plau quer dizer nada mais nada menos que por favor, em catalão. Tem Tolledo a pequena notável, e Sevilla a mais espanhola de todas dona do mito de Don Ruan e inspirada na ópera Carmem. Tem a requintatda Granada, pérola da Andaluzia com seu Alhambra(o castelo do califa, considerado por muitos de seus visitantes a 8° maravilha do mundo). Tem o agreste da Galícia de um verde inverossímel, tem a simpática Valência, terra da cerâmica.
Tem o violoncelista Pablo Casals, a soprano Monserrat Caballé, tem o poema dos Poetas Andaluzes, este a qual escolhi para abertura do blog, um dos mais comoventes que já ouvi. São muitas Espanhas dentro da outra que por si só detêm uma marca de peso: sua própria cultura. O espanhol é a língua oficial, mas há também o catalão, o galego e o basco(língua única! Eu sou, em basco é: Ni naiz). Já na Galícia o galego se confunde com o português, e na região da Catalunya os barceloneses falam um mix de espanhol com sotaque afrancesado. Enfim, uma profusão de culturas fazem a sua marca registrada, um país em ascensão. Entonces.. muito prazer: Estas são As Espanhas!!!

Sevilla - Praça da Espanha

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O Blog está de cara nova!

Muito prazer! Sou eu de cara novinha em folha! Só falta agora o Template mais isso é para frente. Uma mexida aqui outra ali com a ajuda da Ema, minha prima linda. Nós, duas zumbis.., conseguimos nos comunicar pelo msn e ficou redondinho; eu do lado de cá na terra da cajuína cristalina e ela do outro lado de lá na cidade maravilhosa. Aos que visitam esta tribuna espero que gostem da mudança; sempre para melhor. Agora com som: Poetas Andaluces. Se não quiserem ouvir o poema musicado é só clicar no pause da caixinha abaixo da minha fotografia que continua a mesma, aí do lado direito. Xiiii... Já passam cinco minutos das 04:00 da madrugada.. estou exausta. Bom dia,

domingo, 12 de agosto de 2007

Vinicius: o Eterno..

O Haver Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura essa intimidade perfeita com o silêncio. Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo. Perdoai: eles não têm culpa de ter nascido. Resta esse antigo respeito pela noite esse falar baixo essa mão que tateia antes de ter esse medo de ferir tocando essa forte mão de homem cheia de mansidão para com tudo que existe. Resta essa imobilidade essa economia de gestos essa inércia cada vez maior diante do infinito essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível essa irredutível recusa à poesia não vivida. Resta essa comunhão com os sons esse sentimento da matéria em repouso essa angústia da simultaneidade do tempo essa lenta decomposição poética em busca de uma só vida de uma só morte um só Vinícius. Resta esse coração queimando como um círio numa catedral em ruínas essa tristeza diante do cotidiano ou essa súbita alegria ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória. Resta essa vontade de chorar diante da beleza essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido essa imensa piedade de si mesmo essa imensa piedade de sua inútil poesia de sua força inútil. Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado de pequenos absurdos essa tola capacidade de rir à toa esse ridículo desejo de ser útil e essa coragem de comprometer-se sem necessidade. Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza de quem sabe que tudo já foi, como será e virá a ser. E ao mesmo tempo esse desejo de servir essa contemporaneidade com o amanhã dos que não tem ontem nem hoje. Resta essa faculdade incoercível de sonhar, de transfigurar a realidade dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é e essa visão ampla dos acontecimentos e essa impressionante e desnecessária presciência e essa memória anterior de mundos inexistentes e esse heroísmo estático e essa pequenina luz indecifrável a que às vezes os poetas tomam por esperança. Resta essa obstinação em não fugir do labirinto na busca desesperada de alguma porta quem sabe inexistente e essa coragem indizível diante do grande medo e ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva. Resta esse desejo de sentir-se igual a todos de refletir-se em olhares sem curiosidade, sem história. Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade de não querer ser príncipe senão do seu reino. Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável. Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços e esse eterno ressuscitar para ser recrucificado. Resta esse diálogo cotidiano com a morte esse fascínio pelo momento a vir, quando, emocionada, ela virá me abrir a porta como uma velha amante sem saber que é a minha mais nova namorada.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

findo..

Amei-te. Imenso. Maior do que digo. Maior do que tudo. Enorme. Fundo. Profundo. Bem mais do que isso. Além das palavras. Maior que a mim mesmo. Maior que o mundo. Sem medida. Sem tamanho. Quase infinito. Quase ilimitado. Grandioso. Fortemente. Com dor. Com doçura. Inflamado. Irrevogável. Mais que isso. Mais que o espaço. Mais que tudo. Mais que muito. Mas bem mais que isso… e passou..

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

da nobreza à plebe..

Dormi. Como uma "anja". A noite foi agradabilíssima. Caminhava pela orla do rio com a brisa a me beijar. Admirei o ferry-boat deslizar sobre as águas. Era uma linda tarde fria de outono. Os raios do sol desmaiavam sobre a copa das árvores, e estas bordavam um lindo tapete âmbar no chão. As folhas dançavam ao sabor do vento que trazia cheiro de sândalo, e o aroma era bom. Cheguei a sentí-lo na boca. Saboreava engolindo o cheiro nas narinas, nos olhos e no humor. Estava extremamente feliz ao ponto de flutuar de alegria e ao ponto de segurar a luz daquela tarde. Continuei caminhando e olhando para tudo como se quisesse fundir-me com o lugar. Tropecei. Em seguida me vi na cama. Era manhã. Quente. De matar! Suava pelas tabelas. Espreguicei-me e então joguei o lençol para o lado como se quisesse tomar fôlego, olhei para a janela e bradei um berro ensurdecedor: Ow.. ow desgrooota! Percebi o quão estava distante, mas bem longe, muito longe.., longínquo. A milhares de kilômetros de Paris.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

contra a razão..

Julgo que eu seria deveras realizada se trabalhasse, suponho que sim. Diz-se que o trabalho liberta. De tudo. Da gente mesmo.. e nos faz gente grande. Mas por vezes me pego imaginando que: Valeria à pena se matar de trabalhar só se fosse para ficar rica. Ricaça! E se se enricasse escrevendo tanta coisa cretina assim, eu seria a mais rica da blogosfera. Ganharia uma baba aos baldes. Nadaria como o tio patinhas na minha piscina cheia de moedas de ouro com a minha cara encravada nelas. Ai ai ai! Eu estava aqui com os dedos nas teclas a pensar como poderia ser um poquito mais feliz do que já sou. Mais para isso seria preciso fazer uma viagem pelos quatro cantos do mundo, de preferência em hotéis de bacana (aqueles com termas, banhos quentes e medicinais, e em seguida embrulhada em lençóis de mil fios egipícios esperando uma boa massagem anti-estress). Ah! Também teria que ser em vôos na 1° classe., Ah! Também ganhar mais ou menos uns doze milhões na mega-sena (podia até ser dividido com três pessoas premiadas que eu não ficaria triste). E não esquecendo de uma coisa essencial ficaria dois meses fechada para balanço num SPA lá nas Bahamas. Assim rematava minha alegria literalmente com chave de ouro; não necessariamente nessa ordem. É flórida! Pouco entendo de mim.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

da pureza e da paz..

Queria fitar o céu
o mais alto
que a minha vista
pudesse alcançar,
loonge..
looonge..
bem looonge..
muito loooonge..,
e um bilhão
de sorrisos
de crianças
espocassem
em meu olhar;
O mundo teria um colorido especial: sem mistura, sem impurezas, genúino, inocente, imaculado, suave, sincero, doce, meigo. Se houvesse, uma vez por ano, uma melodiosa chuva de sorrisos infantis em nossos telhados, o amor se fazia verdadeiro, a tolerância se fazia corriqueira, a harmonia seria nossa visinha mais próxima, e viver seria mais fácil,.. e delicado,.. e agradável,.. e ameno,.. e brando..
e SIMPLES..

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

do amor mais amado...

Pág. 28
"Ocorre-me agora
a pupila minúscula de uma criança.
A sua engenharia
desde o corpo na guerreira pequenez
ao dedo provador da boca.
Ocorre-me esta criança
este monge da franqueza em seu templo de inocência.
Amo-a. Vivo-a.
Voar é poder amar uma criança.
Sonhar-lhe o peso no colo, as mãos acariciantes
sobre a palma da alma.
Voar é tardar a boca
na rosa do rosto de uma criança.
Pronunciar-lhe a ternura,
a seda fresca e pura
da sua infância.
Voar é adormecer o homem
na mão sonhadora
de uma criança."
O livro: "Poemas da Ciência de Voar e da Engenharia de Ser Ave".Edição da Caminho, Lisboa, 1992.O autor: Eduardo White

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Lisboa, Menina Moça

Romântica. Bela. Charmosa. És tu, ó Lisboa!!!

Eu

Simplesmente Selena