segunda-feira, 31 de março de 2008

Próprio de nós..

Estreamos ao mundo com tantas etapas à explorar. A infância representa a castidade, o desprendimento, a candura, a ingenuidade, a alegria. Depois vem um outro ciclo que implica comportamentos diversos: imaturidade, rebeldia, irreverência, instabilidade, orgulho e onipotência.
No decorrer do tempo vamos aprendendo a lição e reagindo de acordo a cada momento ou a cada fase. Em tudo que experenciamos há uma escala de valores e sentimentos embrulhados: afetividade, ambição, solidariedade, cumplicidade, identificação, ciúme, partilha, honestidade, justiça, aprovação, intolerância, estratagema, afirmação, lealdade, competição, ingratidão, desconsideração, compaixão, admiração, bondade, indiferença, serenidade, liberdade, respeito, amor etc. Um carrossel de encanto e desilusões nos impelindo ao conhecimento. De modo que, personagens brutos e mensageiros da nossa narrativa sofremos lapidadações. Tão próprio de nós, o empirismo de ser humano.
Como nos estabelecer diante de cada obstáculo que a vida impõe? Afinal de contas viver é escolher, um verdadeiro perder e ganhar contínuo, acreditar no que o coração diz, mas na hora de agir fazer uso da razão. Cada situação exige uma escolha, um trade-off nos forçando a eleger o que será coerente à ocasião. Por vezes erramos tentando acertar, pisamos a mão, somos cruéis. Decepcionamos o outro sem ressaca; o outro nos decepciona também. Entregamos-nos por inteiro, mas depois mandamos a conta. Damos importância ao que o outro pensa, precisamos parecer bem na fotografia, e este agradar é trazê-lo a nós. Somos indivíduos inseguros a maior parte da nossa subsistência.
Porém escondemos nossas fraquezas por puro medo de não ser aceito com
nosso pacote de defeitos. Aprendemos a dissimular desde cedo. E em alguma época até nos colocamos como a azeitona da empada. Contraditório, não?! É. Faz parte da nossa história. São estes períodos que nos faz gente grande. E em verdade esse desenvolver(se) gera dor. É fato. Mas bem mais para frente se abre um clarão e do outro lado o xis da questão: percebemos que perdemos bastante tempo com tolices, e que toda aquela troca de manipulações diárias não tem a menor valia.
Daí, do nada, acordamos diferentes, suavisados. Concluímos que a melhor etapa é a que vivemos quando a maturidade se faz presente. Então, a porta que dá ao Equilíbrio se abre diante de nós e resolvemos atravessá-la, pensamos ser amor à primeira vista, mas não, não. Esteve todo o tempo ali do nosso lado, porém nossa cegueira o camuflou dos nossos olhos. E embora estivesse nos assistindo, velando nosso ir e vir, a nossa catarse diária; calmamente aguardava ser utilizado. Em seguida, enxergamos tal justa medida e naturalmente compreendemos que não estamos em débito com ninguém; a não ser com nós mesmos.
Cada indivíduo tem seu próprio tempo ao aperfeiçoamento. E isso não tem preço! Não obstante o preço de SER. Completo quarenta e dois anos recheados de sombras e luzes. E nesta minha nova vivência mais intuitiva e de aceitação dos meus defeitos e virtudes, o que faço, penso ou digo só importa a mim mesma. Simples assim.

Eu

Simplesmente Selena