quinta-feira, 17 de abril de 2008

branco e preto

Penso que escrever me torna mais atenta às descobertas. Observo melhor as coisas miúdas que antes passaria totalmente despercebida. Se eu já era desde sempre obcecada por detalhes, agora então nem se fala, meu campo de visão draga tudo que há na minha frente: uma flor, um gesto, um sorriso colorindo o dia, uma frase, uma canção, uma tela vazia, a chuva, o sol, a rua, a nossa efemeridade...
Não é onipotência nem presunção, tampouco soberba, ao contrário, é que me apetece perceber a vida acontecendo, e a vida são as pessoas, o Todo. Tudo que cruza meu caminho em frente e verso e difuso, tenho bondosos olhos espiões. Se enxergo, eu vejo. Nada a mim se apaga ou escapa. Uma soma de possibilidades que vou pintando em uma série de palavras, com o intuito de refrigerar meu espírito, e do mesmo modo o de quem lê. Nasce por vezes tão espontaneamente que o monitor me sorrir. Meus dedos robustos tomam conta de mim, eles parem caracteres e não me obedecem mesmo se eu estiver apática. A inspiração me vence. Não tenho como recusar o que meus dedos pedem. Como este texto de agora, por exemplo: surgiu de um momento, um papear sobre a simplicidade de existir e o mistério que é Deus, do qual muitas vezes cegamos diante das maravilhas que Ele faz, e ainda assim não aprendemos a agradecer.
Alguns escritos surgem de coisas banais e logo publico, já outros com teor mais eloqüente e mais elaborado que considero até bons são entocados na gaveta. Tem intensidade maior, mas ficam lá encostados; entretanto humildes, esperam ser solicitados. Suponho que a gaveta assegura o decantar da escrita e o tempo que passa se encarrega de depurar qualquer exagero. Possivelmente eu sinta mais segurança se guardados estão. Quem sabe um dia quando desejar publicá-los se tornem mais interessantes. A verdade é que nem eu mesma sei por que escolho um texto ao outro. Vai entender!

Eu

Simplesmente Selena