sábado, 26 de julho de 2008

OS MEIOS ALTERAM O FIM

As coisas são claras. Em todo estado crítico da sensação de injustiça, desgosto, insegurança, vaidade ou amargura que possibilitamos experimentar, literalmente podemos pisar na bola. Mas o mais incrível que possa parecer é que mesmo transgredindo ao que nos firma ao chão, ao que nos move do bem para o bem, ainda somos capazes de macular nossos princípios morais por: raiva, desesperança, despeito, vingança, insensatez, rancor ou maldade. Somos falhos pela própria natureza!
E, no entanto, algo que acreditamos ser – para aquele momento – cai por terra e põe à prova toda nossa junção de valores; estes marcarão nossa história e filosofia de vida para sempre. Traímos. Somos traídos. Entretanto, quando o traidor somos nós a dor é dilacerante e assombrosa, pois dentro de nossa essência fica o sentimento de não ter traído só o outro, mas a si próprio. A consciência é algo quase material, sai de nossas cabeças e se lança frente a nossa face com um olho interior tenebroso e inquietante. Olha-nos de cima para baixo com a propriedade soberana de quem salienta o bem e o mal; e então: despencamos.
O remorso parece ter fibras nervosas que causam dor física e moral, e nesse instante a cena sai de nós para revermos o passo-a-passo como a um panorama. Visualizamos toda a dramática do cenário com algum distanciamento: a confluência da Consciência do nosso EU por si mesmo martelando a pequena frase ''conhece-te a ti mesmo''; a Ética que deixamos em um canto obscuro e que vem mostrar sua cara lavada, tão cristalina que encandeia nossos olhos; e o sentimento de Culpa aterrorizador. Este é o tripé sobre o qual revisita nossas crenças e nos deixa na lona. Obviamente é na adversidade onde deparamos com nossa raiz mais oculta. Posteriormente avaliamos o peso do que produzimos e a máscara cai. Nessa ocasião, nos sentenciamos e compreendemos que os meios não justificam o fim.., e daí pensamos: "- É a ruína!, preciso consertar o prejuízo, mas e agora, cadê a coragem de destampar-me ao outro para ter minha liberdade de volta?"...
Por vezes levantamos uma bandeira qualquer... Fazemos, acontecemos e sopramos nossas frágeis convicções, todavia o buraco é fundo e a agonia também. Existem primitivos e latentes sentimentos que responsabilizam o que realizamos. Somos modelados pelas vivências e, podemos sim, cair em contradição ao que antes afirmamos ser. Tantos vícios camuflados nas forças do acaso. Fatos que outrora nos magoaram convergem ao ego insaciavelmente suicida - dia a dia -, empurrando a sermos instrumento para o mal. Acreditem! Não falo com arrogância nem com caráter esnobe, na verdade sinto a necessidade de dissecar esse assunto que, faz parte das nossas relações tão humanamente humanas. Do mesmo modo, exploro certo discernimento para enxergar que somos objeto de tantas imperfeições e calcanhares de aquiles. Eu fui prova viva! Endureci e amoleci de acordo com minha auto-estima.
Sabe-se que nós, seres humanos, vez ou outra nos transformamos no que o outro faz de nós; nosso homem exterior se tiraniza, e em seguida nosso homem interior se renova. A corrente do bem lutando contra o mal. E porventura para satisfazer e acariciar a nossa profunda insignificância, discorremos o fio condutor acerca do outro para camuflar uma risível mediocridade. Ali, acolá, ontem, naquele dia, naquele ano e,... paaaá... acontece: somos pérfidos. Porém, instantaneamente nos arrependemos e,... plaafht... já foi! Acabou-se o que era doce... O vento se encarregou de levar as dispensáveis palavras aos ouvidos de quem não tinha dignidade para contá-las e nem ouvi-las...
Com o passar dos dias cortamos dobrados, sofremos, agonizamos. Neste meio tempo, a culpa se faz em nós mais presente e mais disposta que o caráter duvidoso: uma Senhora absoluta que instiga à assumirmos os riscos da nossa irresponsabilidade. Percepcionamos que tal ação repudiosa não pode deixar atrofiar nossa última “folegada”, e além do quê, carecemos chutar a verdade para frente. Nada na vida dá garantia de ser leal sem limites ou medidas o tempo inteiro. Ainda mais quando nos sentimos ressentidos e inferiores em alguma situação que muito nos feriu.
Ainda assim, mesmo com todos os percalços do antes e durante, precisamos caminhar para o depois a fim de pagar o ônus e ajustar o prejuízo a qualquer preço! Meditabundos..., viajamos ao nosso interior e lá bem no fundo enxergamos nossos atos, ações e omissões. Denunciamos e encaramos de frente os nossos intestinos e sentimos enjôo. Nesse ínterim, entendemos que a partir de certa idade as palavras e entrelinhas já não são mais inocentes, cujas podem fazer gotejar sangue. Admitimos a dor que causamos e que em alguém sangrou: então o arrependimento galopa em nós perfurando nossos orgãos vitais. A auto consciência executa pena de morte; ela pode ser doce e amarga e daí assinamos o nome embaixo do desvio da rota. Nossa vergonha é mortal, mas o arrependimento é libertador. Decerto as cicatrizes do corte irão demorar suavizar, mas servirão para fortalecer a casca. E, não obstante, a homeostasia, esta sim, vai predominar... É a natureza humana. Nem mais. Nem menos.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

C U R I O S O ! ! ! ! ! ! !

Estou gorda, mas não nos sonhos que tenho. Em todos os meus sonhos me vejo sempre esbeltíssima. Ora, ora!, deve ser um ótimo sinal. Creio eu que meu cérebro ainda não processou os tantos quilinhos a mais que teimam em ficar neste corpo. Por isso, todos os dias ao acordar, digo para mim mesma em alto e bom som:
" - Graaaxa saia definitivamente desta mulher e ligeeeiro baaala, este corpo não te pertence mais. Eu sou aquela que ama a Selena; eu sou aquela que nunca vai desistir da Selena; eu sou aquela que vai patrocinar a Selena sempre que ela quiser; eu sou aquela que vai estar com a Selena pelo resto da vida".
Portanto, estou tratando de caminhar e reeducando minha alimentação, já consegui derrubar 8 kg dos tantos que ainda restam ser eliminados. Sinto saudades de mim; vou voltar a ser como antes. Ponto. A empreitada só é dura para quem é mole! E eu não sou mais.

terça-feira, 22 de julho de 2008

de acreditar...

Sempre quando acho que não vou conseguir sair de onde estou: Ele sopra - com força - baforadas do mais puro oxigênio em minhas narinas, e mesmo que eu não O veja, lança o ar dos meus pulmões... então explode em mim a vontade de recomeçar...

sábado, 12 de julho de 2008

Colorindo a Vida...

Em julho de 1991, recebi um pacotinho que veio da sala de parto. Meio desajeitada, admirei seu rostinho e suas pequeninas mãos. " - Ela nasceu!", então pensei: veio para alegrar a vida de seus pais e fazer companhia para sua irmãzinha. Com cara de paisagem e espanto a segurei alegremente no colo e rapidamente comecei a conferir cada detalhe, com quem mais se parecia e se tinha todos os dedinhos no lugar. Coisa de tia boba!
Dezessete anos se passaram. Hoje é moça feita em um belo corpo de mulher. Está pronta! Aberta a aprender e a segurar as oportunidades da vida: estudar, se graduar, ser feliz. Vai arquitetar a arte de projetar e traçar planos.., construir, desenhar, criar residencias, edifícios... dá seu tom harmonizando espaços para atender as nossas necessidades e é na Arquitetura que escolhe sua verdadeira vocação.
Vou sempre lembrar. Olhos oblíquos, construtores, imaginativos. Que se entrega sem medo quando quer algo de verdade. A menina, agora moça, busca seus ideais. Em rigor, rompe barreiras e configura sonhos alcançáveis. Outrora, aquela criança de vozinha encantadora inaugura seu primeiro abraço ao mundo, já não cabe mais nos braços dos seus pais; é agora dos braços do mundo. E esse universo novo reserva-lhe fortalecimento pessoal e profissional, cujo poder de desbravá-lo é particular e intransferível. Se especializará. Terá uma visão generalista e entenderá de tudo um pouco... Vai se dedicar... Vai produzir... Venderá sonhos... Será útil à sociedade.
E a cada passo que se permitir galgar, a perseverança vai ser sua direção para vencer os obstáculos - o que lhe é uma característica nata. Links na sua estrada se abrirão e talvez em outras cidades do estado. Idéias. Ideais. Transpiração. Conquistas. Realizações. Diz o ditado que sonho que se sonha junto transforma-se em realidade. Saiba!, sua tão grande família estará aqui, ao que der e vier, validando suas habilidades e seu esforço. Tantas noites em claro estudando, a ansiedade devorando o conhecimento, às vezes a insegurança e a angústia em um redemoinho voraz; sentimentos próprios da adolescência, mas que todos nós passamos um dia.
Sabrina, minha querida afilhada: seu faro em reconhecer amigos é inquestionável. Sempre disse que raspas e restos a interessavam, mas percebo que sabe muito bem fazer desses restos o manjar mais apetitoso dos deuses. E sabe aquela menininha de olhar lânguido e desprotegido? Hoje é mulher crescida, linda e forte!, uma divisora das próprias águas: obstinada a vencer, pois quem tem objetivos sabe qual o caminho a seguir...
SABRINA: Nome de origem Celta. Reza a lenda que Sabrina era uma ninfeta que vivia no rio Svern, na Inglaterra. Seria uma sereia?!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Um Encontro Com o EU

Não sei se alguém já pensou ou disse alguma vez que os livros não precisam de nós, ou seja, somos nós que precisamos deles. Falo por experiência própria, preciso dos livros para manter minha sanidade mental, eles me salvam de mim, do meu próprio perigo. Quando leio, algo que não sei explicar mexe comigo e com muitas das minhas verdades; a mente traz o acontecimento para perto de mim, mas é o capricho imaginativo que lava minha alma com água e sabão.

Quando os livros estão na prateleira sinto que me aguardam, querem ser tocados, folheados e, humildes, me instigam ao pensamento... Há uma troca de mim para o livro e dele para mim. Tenho me dedicado bastante à leitura ultimamente, quando não estou a ler um livro, agonizo; se não me entrego às letras, definho. Apetece-me fiar o olhar na negridão contrastante ao papel que tece o curso dos fatos.

Ler é o momento mais privado, solitário e prazeroso que existe. Às vezes esta experiência tão forte chega a ser física, posso experimentar desde taquicardia, uma grande felicidade ou um dilatado pesar. Há livros que massacram, devoram, lapidam, mas de alguma forma deixam ensinamentos. Incorporo-me à história com a fiel sensação que adentro cada página como se ultrapassasse uma porta secreta, todavia gosto do livro que dá prazer, que possa por momentos habitar todas as células da minha carne, se a leitura não me agrada a deixo de lado sem me sentir culpada. Livro não combina com culpa! O livro é o passaporte para a verdadeira liberdade...

Não considero nenhum invento maior em toda a história da humanidade tal o livro. Ao ler vôo para onde me pede a leitura, transformo-me em uma pessoa totalmente franqueada, deixo-me aqui na terra para ser a outra que preciso ser. Então, cedo-me por inteira e debruço pela janela das folhas acompanhando na horizontalidade das letras o imbricar das paisagens... eu vejo e sinto a história.

No final de 2007, reli pela segunda vez: “VIA LÁCTEA, Pelos Caminhos de Santiago de Compostela”, de Guy Veloso. Sem dúvida é um dos melhores livros da minha vida! Não menos que 190 páginas em uma viagem colossal de 800km a pé, onde o autor cruza a rota ancestral de peregrinação cuja se estende pela Península Ibérica até a cidade de Santiago de Compostela. Momentos encantadores e bem descritos em toda reflexão que a mesma implica. O enredo ímpar é de uma alegria poética capaz de transportar-nos como um forte espectador a cada pueblo medieval, a cada pedra ou terra do caminho percorrido, mas principalmente ao autoconhecimento do peregrino. A história envolvente harmoniza mente e espírito, coração e alma. Mas, acima de tudo, têm o poder de nos levar a contemplar um homem determinado a fazer companhia de si para si: percebendo-se a cada pegada, a cada comunhão com os elementos da natureza, a cada busca ao justo sentido das coisas, a cada sensação de déjà vu, e, ao verdadeiro sentimento panteísco... uno.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Quem conta um CONTO aumenta um PONTO

Helena demorou a descobrir que o humano era simples... e falho. Muitas vezes calou por receio de magoá-lo, por medo de perdê-lo, por orgulho ou até para ser classuda, e igualmente apunhalou sua dignidade com um golpe letal desfraldando para trás seu EU; outras vezes rebatia ferozmente feito bumerangue às dilaceradas palavras que voavam feito maldição, mas depois sofria horrores por ter se deixado levar pelo mau humor de Antônio.
Idas e vindas. Comportamentos desconexos e passionais. Ao passo que evitava enfrentar o problema de frente, pensava: “Meu Deus, porque sempre recuo se emudecendo minhas verdades não abafarei o mal?”. Certamente, Helena degenerou suas convicções vulgarizando os instantes por pura covardia e assim desvalorizava os momentos que poderiam ter sido preciosos.
Agora pontapeia sua realidade para frente, como agulhas; mesmo que seja em forma de obelisco. Para ela, a verdade por mais crua e dura é mel, e pode ser suficiente para anular a astúcia. Tantas vezes não rebateu isso ou aquilo e se deixou fazer de pano de chão para Antônio pisar, quantas vezes se fez invisível e foi cúmplice solitária da madrugada enquanto seu amor dizia trabalhar. Quando Antônio chegava, Helena engolia o álcool que suas narinas vaporizavam enchendo a alcova de ressentimento, mas mesmo assim retrocedia, não lançava uma pergunta à ele. Pura perda de tempo! Prometia a si mesma se fazer de árvore, deixar para lá, não dar o braço a torcer na espera de mais uma noite com horas congeladas que, sentindo-se abandonada, deitava o olhar na luz da madrugada que clareava o vidro dos carros da rua. Não obstante, ouvia os passos do seu homem e se traía com a avidez das lobas, e, ao vê-lo mendigava satisfações. Pouco importava se teriam evasivas ou quaisquer desculpas, mesmo se mentirosas fossem. Vez em quando ficava quieta a mercê da respiração dele, achando que até sua respiração na hora do descanso era falsa. E gritava por tanto se achar burra! Em outras vezes revidava e o acordava a fim de inquiri-lo urgindo loucamente para não calar a cólera que obstruía sua garganta. Estava cheia! Com o passar dos dias e dos anos foi minando sua saúde física e mental. Chegou ao limite, começou então seu declínio e.., descompensou.
Era capaz de se imaginar com a mão no queixo, admirada pela estupidez dos que de uma forma ou outra a ofenderam gravemente... Pai, mãe, marido, filhos, irmãos... Ofendidos e ofensores se confundiam em seus pensamentos de flechas douradas, relativizava as situações sem se sentir vitimizada, contudo tinha o valor devido para cada episódio. Pensava que o ajuste de contas um dia chegaria para todos, e talvez até com um cáuculo difícil de remir para ela. Era o destino direcionando e redirecionando as inter-relações que se entrelaçavam e a entalavam de ironia, sapos e cascos. Todavia, a mesma vida que via-lhe tombando - semelhantemente - acompanhava seu levantar: mais sábio e fortalecido. E Helena refletia: “É, esta é a minha vida!, oferecendo mecanismos que me ajudarão a vomitar do estômago o azedume onírico da minha infância, adolescência e adulteza”.
"Adultos também se desviam do caminho, maridos da mesma forma: erram e metem os pés pelas mãos"; - pensava ela. Foi por este motivo que Helena não conseguiu mais consumir o intragável, pela simples razão que mais adiante a conta viria em outros desdobramentos que lhe custariam caro: mágoa, rancor, irritabilidade, TOC, obesidade, medos, analistas, psiquiatras, síndrome do pânico, ansiolíticos, antidepressivos, anti-hipertensivos, florais e pior, a incapacidade de usar a própria inteligência emocional.
Dessa forma trabalhou para aprender a arremessar o cuspe logo que era gerado o choque e a decepção. Aclarava os fatos sem demora e se possível os desenhava para Antônio de modo que não ruminasse mais nenhuma bola quadrada, espessa e amarga de custosa digestão. “Raiva mata!” - Dizia a si mesma que dali para frente desobedeceria a lei do silêncio que privara e inquietara seu coração. Tal lei cuja moral era absolutamente pusilânime e que: a sentenciava, a atormentava, a seduzia e falseava sua auto-estima; genuíno arroubo de seu ressentimento e ego insaciável. Helena por cinco anos jurou vingança!, mas a vontade de retaliar Antônio desvaneceu em uma inocente manhã chuvosa de domigo.
Interrogava deveras vezes sua consciência o motivo de não livrar-se dos punhais sob suas unhas, o porquê de fazer vista grossa, o porquê de consentir sujeição em relação a Antônio? Desde a mais tenra infância ela sofreu medo da violência e do abuso da força e do poder do pai. Ah!, seu pai tão amado embaraçava-lhe os sentimentos de afeição e ódio. Tinha pânico do seu olhar furiosamente verde, era o sinal do peso do seu braço; o mesmo braço que insistentemente confiava-lhe sem retorno acolhimento e mimos.
Apanhar castigava-lhe toda conjunção da pele e dos ossos, mas mortificava muito mais sua alma. E doía-lhe mais ainda quando a pena vinha junto de um olhar raivoso e berros ensurdecedores; estes eram monstros sanguinolentos chupadores da auto-estima e da resiliência de qualquer criança e qualquer mortal. E mesmo com todos os medos e terror de seu adorado pai, teve a graça de conhecer na infância o Olimpo: seus avós maternos eram-lhe como divindades, a ensinaram as delícias de Ser e Estar consagrando sua existência plena de afetividade. O espírito benevolente de seus avós em cada olhar, em cada elogio, em cada sorriso e nos incontáveis abraços ternos ensaiaram a menina Helena para o mundo. Foi essa a força motriz que ajudou-lhe ser gente grande fortalecendo sua casca. Desde pequenina seus avós, Sr. Murilo e Dona Maria a incentivaram ao aprendizado, ao conhecimento, a ser curiosa, a pensar alto com os pés no chão, a gostar de conversar com pessoas e, principalmente, a se apaixonar pela natureza e pelas chuvas de verão o quanto pudesse.., amar infinitamente o som da chuva no telhado e valorizar a renovação que ela representava: a prosperidade. E diziam para a menina: " - Helena, seu coraçãozinho é um doce vão, deixe as coisas boas entrar, mas as tristezas também virão.., quando se sentir aflita visualise a chuva caindo e tomando conta de você, permita que a água pérola entre e lave sua desesperança e tudo ficará bem..." Foi esta perfeita chuva que libertou seu coração tão maculado desejoso de vingança.
Helena e Antônio, felizmente ainda constroem a relação de casal, amiúde, no compasso dos gestos limpos, no companheirismo, entretanto ainda se deparam vez ou outra com a incompreensão e egoísmo de ambas as partes. Estão aprendendo... vão-se indo... Consideram que suas crias vieram para ensinar-lhes “a arte de ser mãe e pai” e empenham-se com afinco na educação deles. Porém o essencial para Helena é não atapetar na sua conduta as sombras do que viveu outrora por medo de seu "protetor", com o propósito de nunca desafinar o coro dos contentes nem prostituir jamais a aderência do seu lar; tampouco deixar escapar qualquer tentativa de completude.
E viver se foi fazendo.., e viver se faz vivendo... de tantos anos ganhos com o bem, igualmente perdidos com frivolidades e opressão, do tempo não gozado da forma certa, da transgressão dos valores de Antônio, da banda que passou e acomodou Helena a só olhar pela janela, da rachadura no coração, das relações esgarçadas que vieram a ser novamente remendadas. E viver se vai vivendo... Por que viver para aquela mulher era o que havia de mais belo! Experimentando sua história de existir necessitava lapidar-se, e se triste ficava resguardava-se em seu esconderijo que tantas vezes respingou o assoalho.
Uma vez que seu drama era sem comédia nem recalques... da sua dor, das suas lágrimas feitas de água e sal, mas sem verterem-se orgulhosas ou submissas... apenas livres e nuas... como Helena.
F I M . . .

terça-feira, 1 de julho de 2008

VERDADE ou SENSACIONALISMO ? ? ?

Dei cabo em praticamente um dia e meio ao Testemunho Vivo de Glória Polo: “O LIVRO DA VIDA! DA ILUSÃO À VERDADE”, um acontecimento para lá de incrível ocorrido na vida de uma mulher anos atrás cujo raio quase a partiu ao meio. Segundo ela: veio e falecer, a encontrar-se com Deus, o Diabo, e que nesse encontro teve seu ajuste de contas zerado para ter a graça de voltar à sua família e à resgatar sua débil condição cristã.
Eu realmente acredito em milagres, acredito que Deus cura pela fé, que há um Ser Maior que está acima da nossa compreensão e entendo que Ele fez maravilhas, mas também acredito no mistério que rege nossa existência e não gosto nada, nada disso. No caso Glória Polo, ela afirma que Deus a escolheu operando o milagre de outra oportunidade de viver; esta senhora por sua vez dá seu depoimento frente ao mundo a fim de cumprir tal missão sentenciada por seu Senhor.
Sim, sim... uma missão a ser cumprida pela vítima deste raio que levou as conseqüências catastróficas: a morte de seu querido sobrinho e a sua própria morte; salvo o “sabão” para lavar corpo e espírito, segundo a autora, proferido por Deus se a mesma ansiasse uma nova ventura. Tudo tem seu preço, até morrer para nascer. Ou seria o contrário?! Vide publicação de 110 páginas que passeia pela doutrina cristã no afã de verticalizar e apregoar a Igreja Católica; instituição tão contestada e frágil depois de tanto ser escandalizada por deter um dos piores exemplos de seus principais seguidores: a pedofilia de muitos padres.
O buraco é bem mais fundo e cheira a enxofre! Nesse livro onde cabe realidade e ficção? Como se pode morrer, conhecer trevas horripilantes transbordando torrentes de lava, conhecer a paz e a luz mais clarificada que nem conseguimos expor em palavras, e em seguida voltar para contar ao mundo? Mas qual o motivo deste testemunho fazer JUS somente à Igreja Católica considerando-a uma só religião? Até que ponto há legitimidade se a sensação que tive ao ler é de inteiro Marketing Institucional?
O livro escacavia os 10 mandamentos e, principalmente, manipula o leitor ao cumprimento de seus preceitos, e caso a humanidade não os cumpra terá a língua do fogo do inferno em sua direção pelo resto de sua outra vida, infinitamente. Não é por aí. Não descarto que devo fazer o bem, amar ao próximo como a mim mesmo; respeitar, preservar e sustentar a natureza. Porém, ser escravo de uma religião organizacional ou de um ditador tirânico que determina ordens a serem cumpridas é o cúmulo da arbitrariedade e pior, se houver descumprimento da lei está sancionado à nós o terror. Este Olimpo que fala a Bíblia, leva a crer que nada mais é que um exército bélico para última morada dos prisioneiros deste Deus. Concluo então que, sob minha ótica é completamente broxante esse tipo de leitura, pois há volume de tamanha soberba e arrogância a cada frase lançada.
Da Igreja católica acho bonita a celebração da missa em si: a homilia, os cânticos, a hóstia que consagra os ritos, os cantos gregorianos, a eucaristia, o batismo, o casamento, a solenidade, enfim... Quanto a Bíblia, ainda não consegui afundar-me com maior propriedade na leitura, entretanto o pouco que li só me deparei com um Deus raivoso e punitivo, e que de amor está anos luz de distância de nós: a tão falada imagem e semelhança.
Racionalizando a minha reles condição de humana errante, penso: ora, bolas!, será Deus o exterminador de seus filhos? Será Deus tão vingativo assim? Mas será a Bíblia a palavra fiel de Deus? Quem criou a Bíblia? Como saber se ali está a verdadeira Palavra de Deus? Apesar de ser a obra mais lida de todos os tempos, talvez eu rejeite porque ela me constrange pelo simples fato de que subserviência e imposição não me apetecem, e tudo que é imposto me causa náuseas. Seria mesmo Jesus quem inspirou seus discípulos para grafar tais escritos, ou seria a aspiração de um povo intrincado em sua cultura com visão de mundo para sua época?
O livro de Glória Polo, mesmo sem fins lucrativos, me deu a sensação de como se produz a ambição em "marquetear" a clientela da Igreja Católica de maneira imperativa à não perder seus fiéis de vista e, além disso, fazer mais e mais cadastros. Nesse caso se não cumprirmos seus mandamentos estaremos como Joana Darck, todos queimados na fogueira viva do desassossego. De todo modo, lerei a Bíblia algum dia para conhecê-la melhor, todavia com o meu olhar crítico e objetivo, sem me sentir culpada nem imputada a nenhum regulamento.
E por enquanto..., bingoooooo à realidade terrena!!!

Eu

Simplesmente Selena