quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tragédia em Santo André: GLAMOURIZÁVEL ? ? ?

Chorei, chorei e chorei. O país chorou. Choramos todos. Eloá Cristina se foi... e de graça! Quem de nós será a próxima vítima? A imprensa, a polícia, os apresentadores, a mídia, o hospital, todos eles sensacionalistas. E por tabela também o somos. Dado ao drama da vida real, algo sinistro martela minha cabeça. O infortúnio da garota de quinze anos morta por um bandido desumano que se passou por ciumento possessivo, pode sim render "zilhões" do vil metal.
A menina sentenciada pelo desdito ex-namorado pagou o preço mais alto que existe, para isso sofreu mais de cem horas antes de levar dois tiros, um deles fatal. Esteve ao lado de Nayara sua amiga fiel que, quando teve a chance de sair do cárcere, voltou a pedido da polícia. E agora José? Depois desse fim lastimoso a população inconformada quer saber: o que ocorreu para o insucesso do caso? Por que demoraram tanto para minar o sequestrador "passional"? Por que a polícia pediu Nayara - que é menor de idade, voltar ao apartamento? Por que não atiraram em Lindemberg se tiveram seis chances para isso? No entanto, tantos porquês avivam nossa revolta.
Curiosos tiravam casquinhas com seus celulares. Fotos, muitas fotos da menina morta no caixão no afã de dizer "eu vi, olhem aqui!", ou até mesmo para substantivar Eloá. De toda forma, que vergonha! Se lá eu estivesse colocaria ordem na casa, gritava em um megafone àqueles abutres filadores de megapixels: foooora daquiiii seus poorras!! Filhos da puuuuta, vão se foder!!!
Eu tenho para mim que esta fatídica história pode render muito dinheiro. A família de Nayara já pede ao Estado, 2 Mi de R$. Dindin que daria para assegurar a não violência com cursos de reciclagem etc. Resta-nos esperar se a mãe de Eloá receberá a indecente proposta de vender os direitos de sua maior dor. Será que um dia assistiremos tal desgraça na telona?
Não, não pensem que sou cruel, por favor! Às vezes eu peço para Deus me salvar de mim, pois tenho uns pensamentos tresloucados. Na verdade, só estou tentando ler o jornal do mês seguinte. É que o mundo baby, é repugnante!, e está recheado de oportunismo e oportunistas, cada um querendo o seu quinhão. O tempo dirá...
Como não pude escolher o lugar que nasci, vou lagarteando nesse país cheio de hipocrisia e "jeitinho brasileiro". Não é culpa minha nem sua. Entretanto, nossa cultura, legada, passada, repassada e requentada por mais de quinhentos anos faz jus ao velho ditado: "A cultura de um povo não se muda".

Eu

Simplesmente Selena