segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ó adúltero! Tu queimarás no mármore do inferno!

Queremos o que é melhor para nosso amado: carinho, afeto, sucesso, felicidade e unicamente nós. Mas porque não conseguimos colocar no mesmo saco a lealdade e a infidelidade? Não se trata do bem e do mal, ou da claridade e da escuridão. Não se trata de maniqueísmo. Não, não é isso. É esta obrigatoriedade sôfrega que inibe nossos instintos com o fim de negar nossa natureza. Repudiamos nossos desejos intrínsecos, embora reconhecemos que o temos e que é natural. O ponto chave é: saber como lidar com eles e não sentir ressaca. Deste ponto de vista nos deparamos com a ética. Mas aí vai se aprofundar o assunto e eu não sou filósofa. Teve um bom período no qual acreditei que, ao amar, deveria oferecer minha vida e liberdade ao objeto desse amor. Hoje enxergo com olhos límpidos. É uma aberração na palavra AMOR - tão pura e ao mesmo tempo tão sofisticada, ser propriedade privada senão pertencente a nós próprios. É o meu namorado, o meu marido, o meu amante, ele é meu dono e eu dele; desta forma, só podemos desfrutar um do outro e "ce fini".

A possessividade é o grande exterminador da relação e advém do ciúme: o letal inimigo do amor. E sendo extremado, torna-se terrivelmente perigoso para a integridade da pessoa, da convivência do casal, conduz à humilhação, gera perseguição e até mesmo a uma piora da autoestima. A inveja decorre dessa falta de autoconfiança, agimos como se o outro fosse “nossa propriedade" tendo as garras direcionadas só à ele. Muita energia vital gasta produz exaustão. Ficamos na lona literalmente! Talvez, por este motivo, o homem se diverte com alguém que não considere “sua” e então, ele se salva da lealdade à sua amada. E na maioria das vezes não sentem culpa alguma, o que lhes é uma característica cultural. As mulheres intencionam e cobram exclusividade do seu parceiro, mas os varões agem sem correias, desfrutam mais, não sofrem, satisfazem suas necesidades primitivas, seu instinto predador e seu ego falocêntrico. As mulheres quando enamoradas não sentem necessidade de gastar tempo com outro, mas sim com seu par. No entanto, também têm seus desejos de fêmea, estes que por via de regra são inconfessáveis, porém existem.

Homens e mulheres experimentam seu lado sensorial e percebem o externo e o que lhes atraem quanto ao novo. Restam-lhes a escolha, ressaltando outra vez a ética, que são outros quinhentos. Tudo é fruto de opção, se não há culpabilidade e arrependimento. Os seres humanos tal como os animais variam e gostam, qual o problema? Portanto, a aspiração para fornecer tempo integral a uma única pessoa, dou-lhe um único nome: FANATISMO. Partilhamos momentos com os amigos, conhecemos pessoas, desfrutamos de companhia diversificada. Ser fiel, ao longo do tempo, torna-se inalcançável e risível. Temos impulsos sexuais e atração para os outros, mas a pretensão de desprezar essa verdade caminha do nosso lado. Sexo com atração física e sexo com amor: distinguem-se. Cabe entender tal diferença. Sexo casual é pura diversão, mas o mais difícil é eliminar os conceitos adquiridos da infância: adultério é pecado e transgride aos preceitos religiosos; preconceitos cristãos e o misticismo se valendo à perpetuar uma mentira que ocorre desde o começo dos tempos. Egoísmo, puro e simples.

Eu

Simplesmente Selena