Há um lado em mim que desencontra outro que felicita o dia 8 de março. Às vezes fico atordoada com meu desenvolvimento de raciocínio. Acho o máximo comemorar, mas logo me contradigo e não dou bulhufas para o dia das mulheres. Pois bem. Ontem foi o dia internacional da mulher, mas e daí?! Vendo e revendo tanta mulher ruim nesse mundo, tanta mãe que abandona o incapaz e vai pro forró, outras que jogam seus filhos na lata do lixo, que deixam ao sabor da sorte... observando tanta mulher sem coração, canalha, cretina, arrogante, já nem sei se concordo com este dia. Sério! Alterno os sentimentos, as sensações, sou humana, mêeu... e mulher. Não me considero merecedora de um dia tão importante senão em meu aniversário e no dia das mães. Tá de bom tamanho. Não é pra assustar vocês não, gente!, é o que penso. Sou legal, mãe, mulher, amiga... Entretanto, posso ser tão megera que não me "guento" rs. Eu tenho para mim que deveria haver o dia internacional da PESSOA: CARIDOSA-SOLIDÁRIA-TOLERANTE. Esse dia valeria a pena ser comemorado. Legítimas FELICITAÇÕES À TODAS AS PESSOAS BACANAS QUE: amam, incluem, olham nos olhos, ofertam um sorriso, doam seu tempo, calam e falam no momento certo, exercitam a prudência, aceitam o diferente. Okay, então é isso, radicalizei. Tá cierto. De bônus pela minha rabugice o lindo poema da mineira Adélia Prado. Vale a pena ler.
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
