quarta-feira, 1 de setembro de 2010

E TODO MEDO SE DILUÍA

NÃO LEMBRO bem quando foi, há uma sensação de lonjura e nitidez em minha memória. Eu estava perdida de medo e meus olhos inchados de chorar entorpeciam minhas vistas, mas ela vinha e me aninhava em seu colo de cheiro especial. Tinha um ar frágil, era delgada e parecia uma eremita, e seu carinho exalou sua paz a mim. Era possível ouvir seus pensamentos e ter na boca o gosto de sua bondade. Sua respiração era pausada e calma. Ah, aquele cabelo branco prateado me contava tanta coisa, tanta sabedoria. Sabe, ela era só brandura nas atitudes. Afetuosa e de sorriso franco oferecia sua disposição à todos. Seu abraço era largo e seus gestos profundos; minha avó Neném, nem precisava dizer uma palavra, bastava me olhar com aquele olhar honesto e terno de vó, apenas.

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Eu

Simplesmente Selena