terça-feira, 19 de outubro de 2010

F Ê N I X

Fotografia: Celina Nery, Brasília - 2010

ALGO me inquieta esta manhã. O desassossego me tomou por inteira, estou ansiosa e não sei bem o porquê, ou sei, ou sei lá meu Pai. O espelho brinca comigo e me chama de incapaz jogando na lata o que minha consciência quer dizer. Eu queria tanto explodir essa sofreguidão sem ter que comer sentimentos. Meus olhos racham de tanto mirar-me e aí vêm as palavras: redenção, reflexão, resignação, metas. Faço as regras e depois as transgrido, no entanto, a ampulheta me consome agitando em pedaços. Xiii... é daqueles dias que a jiripoca vai piá! Olho minhas pálpebras caídas e penso na vida que eu poderia ter tido, ter feito, construído. Então percebo que poderia ser assim ou assado, ser tanta coisa diferente e choro sobre o celuloide derramado. Mas para quê? Já foi. Como diz a minha irmã Celi: “ - Sempre teremos Paris; ainda dá tempo pra conquistar muito, Sela...”. Quiçá ainda tenho mesmo Paris nos votos de objetivo e fé que me vestem. Volto pra cama cheia de "eu me proponho" e o sol delicadamente beija meu ombro. A força me acalma novamente. Ainda é cedo. Ouço os sons da manhã. O jardineiro do vizinho ameaça a grama com seu cortador barulhento; crianças passam alvoroçadas pela rua rumo à casa da frente para buscar seus presentes; os cachorros fazem festa no lixo da rua; buzinas antecedem o pulsar de meu coração sonolento; o pássaro – narcisista – bate-se em minha janela; o ritmo do reggae - da casa ao lado - invade minha alcova. Embora minhas palavras sejam poucas neste momento para expressar o que sinto, a vida está acontecendo lá fora, para meu desespero; o mundo não para esperando eu passar. Estas são as contradições da poesia, pobre de mim! Vida, feita de coisas simples. De dor e de sol.

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Eu

Simplesmente Selena