quarta-feira, 9 de março de 2011

PARA MEU MARIDO

Fotografia: Catarina Leitão - Portugal 2010

Não escreva nada se não quiser. Não faça poesias se não quiser. Não faça nada se não quiser. Não reclame. Não declame. Não leia. Não me abrace. Não me ame. Não desabe em mim. Não sorria. Não lute. Não relute. Não vomite. Não engula. Não me beije. Não rumine insegurança. Conduza-a. Não se pinte imenso. Não se pinte medíocre. Mime-se. Morda-se. Moa-se. Mova-se. Mate-se. Mate-me. Liberte-se. Liberte-me. Construa-se. Desconstrua-se. Caia. Levante. A catarse é para hoje. Dê play.pause. Caminhe para frente. É para frente, e mais para frente, e mais, e mais, e mais... mas saiba recuar. Então pare e descanse. Perca-se. Ache-se. Avance. Outra e outra e outra vez. Grite docemente. Olhe nos meus olhos. Contorça-se. Seja caos. Seja fera ferida. Seja equilíbrio. Seja dócil. Seja vale de dores. Seja euforia. Seja alegria. Voe, voe, voe... ainda há tempo. Nem só pragmatismo. Nem só emocional. Nem só sabedoria. Nem só melancolia. Nem só resignação. Nem só equilíbrio. Seja fogo, água, terra, ar. Seja pedra sabão. Amolde-se. Seja cheiro, luz, cor, tempero. Seja o preto e o branco. Seja estilo. Seja um mosaico. Seja simples. Seja nada. Seja tudo. Seja realce. Seja único. Seja eu. Seja você. Seja eu, eu e eu. Seja você, você e você. Seja sua própria obra fantástica e inacabada... quantas, tantas, muitas vezes...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu soninho que assim que o sol se levantar lerei com carinho.

Eu

Simplesmente Selena